FUTEBOL PANDÊMICO

 

Imagem: Fernando Moreno. 


O odor exala na penumbra de nossos dias.

A grama, verdinha, feito um tapete, diz: não pise!

O sol perdeu-se nas incertezas da existência.

A bola, toda cheia, diz também: não chute!

As palavras não ecoam o sonho dos esquecidos.

A rede, bem armada, prefere não ser estufada.

Os pássaros batem cabeça nas sombras negras do amanhã.

O estádio, vazio, ecoa: agora não!

Os mendigos choram poemas de fome.

Os jogadores (coitados, calados) nada dizem.

Os policiais - de costas pra lua – imploram perdão.

Os dirigentes e políticos, pelos jogadores, falam: Vai ter jogo!

As lápides soterram nossos sonhos mesquinhos;

A Paraíba padece com cinco mil cadáveres.

O técnico do Campinense lamenta o adiamento do Campeonato Paraibano;

O cronista, atordoado, tenta - com todas as forças tenta - aquiescer tudo isso.


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